sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Temáticas dominantes na obra de Cesário Verde

Cidade/ campo
 O contraste cidade/campo é um dos temas fundamentais da poesia de Cesário e revela-nos o seu amor ao rústico e natural, que celebra por oposição a um certo repúdio da perversidade e dos valores urbanos a que, no entanto, adere.
è A cidade personifica a ausência de amor e, consequentemente, de vida. Ela surge como uma prisão que desperta no sujeito “um desejo absurdo de sofrer”. É um foco de infecções, de doença, de MORTE. É um símbolo de opressão, de injustiça, de industrialização, e surge, por vezes, como ponto de partida para evocações, divagações
è O campo, por oposição, aparece associado à vitalidade, à alegria do trabalho produtivo e útil, nunca como fonte de devaneio sentimental. Aparece ligado à fertilidade, à saúde, à liberdade, à VIDA. A força inspiradora de Cesário é a terra-mãe, daí surgir o mito de Anteu, uma vez que a terra é força vital para Cesário. O poeta encontra a energia perdida quando volta para o campo, anima-o, revitaliza-o, dá-lhe saúde, tal como Anteu era invencível quando estava em contacto com a mãe-terra.
O campo é, para Cesário, uma realidade concreta, observada tão rigorosamente e descrita tão minuciosamente como a própria cidade o havia sido: um campo em que o trabalho e os trabalhadores são parte integrante, um campo útil onde o poeta se identifica com o povo (Petiz). É no poema Nós que Cesário revela melhor o seu amor ao campo, elogiando-o por oposição à cidade e considerando-o “um salutar refúgio”.
A oposição cidade/campo conduz simbolicamente à oposição morte/vida. É a morte que cria em Cesário uma repulsa à cidade por onde gostava de deambular mas que acaba por aprisioná-lo.

Critica à humilhação dos humildes
  Cesário busca a expressão clara, objetiva e concreta;
-       As suas descrições têm pouco de poético – prosaísmo lírico –, pois procura explorar a notação objetiva e sóbria das graças e dos horrores da vida da cidade ou a profunda vitalidade da paisagem campestre – características de um realista.
-                     A preocupação com:
·        a beleza e a perfeição da sua poesia (a musicalidade, a harmonia, a escolha dos sons...);
·        o vocabulário – a expressividade verbal, a adjetivação abundante, rica e expressiva, a precisão vocabular  (chega mesmo a usar termos técnicos), o colorido da linguagem...;
·        os recursos fónicos – as aliterações, que contribuem para a musicalidade e para a perfeição formal;
·        os processos estilísticos –  abundância de imagens, as metáforas, as sinestesias...;

·        a regularidade métrica, estrófica e rimática (na métrica, preferência pelo verso decassilábico e pelo alexandrino; na organização estrófica, a preferência evidente pela quadra que lhe permitia registar as observações e saltar com facilidade para outros assuntos).

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