quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Fogo de Santelmo e Tromba Marítima

Ambos os episódios são naturalistas e descrevem “cousas do mar” que os sábios não entendem mas que Vasco da Gama e a sua tripulação presenciaram. Camões faz uma breve referência a este “lume vivo“ salientado que os olhos dos marinheiros não os enganavam pelo uso de um pleonasmo do verbo ver = “Vi, claramente visto, o lume vivo”.

Este fogo aparece na extremidade dos mastros e vergas dos navios em altura de tempestade, e que resulta de descargas eléctricas.

A tromba marítima é reflectida como um enorme tubo que aumentava em direcção ao céu, partia de um “vaporzinho”, adensava-se chupando a água das ondas para uma nuvem que se carregava para esvaziar uma violenta chuvada sobre o oceano.


É feita a descrição em pormenor da formação da tromba de água, e nas duas últimas estrofes, o poeta salienta que os marinheiros por experiência própria, têm mais capacidades de explicar estes fenómenos naturais, do que os sábios que o fazem por meio de obras escritas, teóricas.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Episódio da despedida (Canto IV)

-Vasco da Gama continua o seu relato ao rei de Melinde.
- Conta a preparação da partida da armada e o ambiente vivido durante as despedidas em Belém.
-O Rei D. Manuel pagou aos marinheiros e, com palavras de louvor, encorajou-os a esforçarem-se e mais possível e a resistir a todas as dificuldades com que se vão deparar.
-No porto de Lisboa, soldados e marinheiros estão prontos para acompanhar Vasco da Gama.
-A brisa faz ondear as bandeiras das naus e os heróis que as conduzirão estão destinados a subir aos céus, isto é, a tornarem-se imortais.
-Depois de as naus estarem prontas, os marinheiros ouvem missa, comungam e pedem proteção a Deus.

-Quando se lembra da partida da praia do Restelo, o narrador emociona-se.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sonho de D.Manuel

D. Manuel logo que assume o poder pretende dar continuidade aos desejados do seu antecessor, na conquista de novos mares e de novas terras. Uma noite sonha com “vários mundos”, “nações de muita gente, inda que agreste, venerando” (IV 71). Estes apresentam-se como sendo os rios Ganges e Indo, que afirmam a D. Manuel que é tempo de mandar “a receber de nós tributos grandes” (IV 73). O sonho prenuncia os êxitos, a fama, o poder e a gloria de que se cobrirá o Rei por ter conseguido descobrir o Oriente.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Texto Dramático

Categorias

O texto dramático é uma composição textual, tal como o texto narrativo ou o texto poético, com uma organização especial, pois destina-se a ser representado.

Estrutura externa do texto dramático

Atos: grandes núcleos de ação que se distinguem, normalmente, por uma pausa na representação. Os atos dividem-se em cenas e/ou quadros;

Cenas: começam e acabam com a entrada e a saída das personagens da ação.
Texto principal e secundário

Texto principal: falas das personagens (diálogos, monólogos e apartes);

Texto secundário: didascálias (referência a atos e cenas e indicações relativas a nomes das personagens, gestos, atitudes, movimentação, guarda-roupa, cenário, luz, som).

Estrutura interna do texto dramático

Exposição: fase inicial em que se faz a apresentação das personagens e dos antecedentes da ação;

Conflito: sucessão de acontecimentos que constituem a ação;

Desenlace: parte final que contém o desfecho feliz ou infeliz da ação dramática.

Caracterização direta e indireta

Caracterização direta: caracterização feita através da enumeração direta dos traços de uma personagem, através de palavras da personagem sobre si própria, palavras de outras personagens ou indicações contidas nas didascálias;

Caracterização indireta: caracterização deduzida pelo leitor ou pelo espectador através dos comportamentos e atitudes de uma personagem.

Caracterização das personagens
Retrato físico: descrição das características físicas de uma personagem;
Retrato psicológico: descrição das características psicológicas de uma personagem (sentimentos, pensamentos, etc.);

Retrato social: descrição das características que incidem em aspetos da sua vida social, profissão, classe social e relação com os outros.

O tempo na obra dramática:

Mesmo que a ação se desenrole no século passado, a sua representação é feita sempre no presente, como se estivesse a acontecer nesse momento.

O espaço na obra dramática

A mudança de espaço é visível pela mudança de cenários.

Modos de expressão

Diálogo: modo de discurso em que duas ou mais personagens conversam entre si;

Monólogo: modo de discurso em que as personagens falam consigo mesmas;


Aparte: modo de discurso em presença de outras personagens, com o intuito de ouvido pelo público ou por alguma personagem específica.

domingo, 26 de setembro de 2010

Características

  É constituído por:
Texto principal composto pelas falas dos atores que é ouvido pelos espectadores;
Texto secundário que se destina ao leitor, ao encenador da peça ou aos atores.

            É composto:
      * pela listagem inicial das personagens;
      * pela indicação do nome das personagens no início de cada fala;
      *pelas informações sobre a estrutura externa da peça (divisão em atos, cenas ou quadros);
      * pelas indicações sobre o cenário e guarda roupa das personagens;
      *pelas indicações sobre a movimentação das personagens em palco, as atitudes que devem tomar, os gestos que   devem fazer ou a entoação de voz com que devem proferir as palavras.

             Ação – é marcada pela atuação das personagens que nos dão conta de acontecimentos vividos.
      *Estrutura externa – o teatro tradicional e clássico pressupunha divisões em atos, correspondentes à mutação de cenários, e em cenas e quadros, equivalentes à mudança de personagens em cena.
O teatro moderno, narrativo ou épico, põe completamente de parte as normas tradicionais da estrutura externa.
      *Estrutura interna:
Exposição – apresentação das personagens e dos antecedentes da ação.
Conflito – conjunto de peripécias que fazem a ação progredir.
Desenlace – desfecho da ação dramática.

           Classificação das Personagens
      *Quanto à sua conceção:
Planas ou personagens-tipo – sem densidade psicológica uma vez que não alteram o seu comportamento ao longo da ação. Representam um grupo social, profissional ou psicológico);
Modeladas ou Redondas – com densidade psicológica, que evoluem ao longo da ação e, por isso mesmo, podem surpreender o espectador pelas suas atitudes.
      

*Quanto ao relevo ou papel na obra:
      -protagonista ou personagem principal Individuais
      -personagens secundárias
      -figurantes ou coletivas
     -   Tipos de caracterização:
 *Direta – a partir dos elementos presentes nas didascálias, da descrição de aspetos físicos e psicológicos, das palavras de outras personagens, das palavras da personagem a propósito de si própria.
 *Indireta – a partir dos comportamentos, atitudes e gestos que levam o espectador a tirar as suas próprias conclusões sobre as características das personagens.

          Espaço
 *Espaço cénico é caracterizado nas didascálias onde surgem indicações sobre pormenores do cenário, efeitos de luz e som. Coexistem normalmente dois tipos de espaço:
 *Espaço representado – constituído pelos cenários onde se desenrola a ação e que equivalem ao espaço físico que se pretende recriar em palco.
 *Espaço aludido – corresponde às referências a outros espaços que não o representado.

        Tempo
 *Tempo da representação – duração do conflito em palco;
 *Tempo da ação ou da história – o(s) ano(s) ou a época em que se desenrola o conflito dramático;
 *Tempo da escrita ou da produção da obra – altura em que o autor concebeu a peça.

        Discurso dramático ou teatral
 *Monólogo – uma personagem, falando consigo mesma, expõe perante o público os seus pensamentos e/ou sentimentos;
 *Diálogo – falas entre duas ou mais personagens;
 *Apartes – comentários de uma personagem que não são ouvidos pelo seu interlocutor.
 *Além deste tipo de discurso, o teto dramático pressupõe o recurso à linguagem gestual, à sonoplastia e à luminotécnica.

         Intenção do autor pode ser:
 *Moralizadora;
 *Lúdica ou de evasão;
 *Crítica em relação à sociedade do seu tempo;
 *Didáctica.

        Formas do género dramático:
 *Tragédia
 *Comédia
 *Drama
 *Teatro Épico.
          
        Outra característica Importante:

 *Ausência de narrador

sábado, 25 de setembro de 2010

Vida e obra de José Saramago



      José Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, província do Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922, filho e neto de camponeses. Fez estudos secundários, por dificuldades económicas, não pôde prosseguir. O seu primeiro emprego foi como serralheiro mecânico, tendo exercido depois diversas profissões: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, tradutor, editor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance,  Terra do Pecado, em 1947, tendo estado depois largo tempo sem publicar (até 1966). Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista  Seara Nova. Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante cerca de um ano, o suplemento cultural daquele vespertino.