terça-feira, 2 de outubro de 2012

Frei Luís de Sousa

Acção

-Frei Luís de Sousa contém o drama que se abate sobre a família de Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena. As apreensões e pressentimentos de Madalena de que a paz e a felicidade familiar possam estar em perigo tornam-se gradualmente numa realidade. O incêndio no final do Acto I permite uma mutação dos acontecimentos e precipita a tensão dramática. E no palácio que fora de D. João de Portugal, a acção atinge o seu clímax, quer pelas recordações de imagens e de vivências, quer pela possibilidade que dá ao Romeiro de reconhecer a sua antiga casa e de se identificar a Frei Jorge.


Espaço

-O Acto I passa-se numa "câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância dos princípios do século XVII", no palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada. Neste espaço elegante parece brilhar uma felicidade, que será, apenas, aparente.

-O Acto II acontece "no palácio que fora de D. João de Portugal, em Almada; salão antigo, de gosto melancólico e pesado, com grandes retratos de família...". As evocações do passado e a melancolia prenunciam a desgraça fatal.

- O Acto III passa-se na capela, que se situa na "parte baixa do palácio de D. João de Portugal"." É um casarão vasto sem ornato algum". O espaço denuncia o fim das preocupações materiais. Os bens do mundo são abandonados.


Tempo

- A acção dramática de Frei Luís de Sousa acontece em 1599, durante o domínio filipino, 21 anos após a batalha de Alcácer Quibir. A acção reporta-se ao final do século XVI, embora a descrição do cenário do Acto I se refira à "elegância" portuguesa dos princípios do século XVII. O texto é, porém, escrito no século XIX, acontecendo a primeira representação em 1843.


Personagens

- Madalena: casada em primeiras núpcias com D. João desaparecido em Alcácer Quibir, casa, pela segunda vez, com Manuel de Sousa Coutinho. Infeliz e angustiada, vive perseguida pelo remorso de ter começado a amar Manuel em vida de D. João e por um medo de que o seu primeiro marido, cuja morte nunca foi confirmada, regresse. Respeita Telmo, embora este alimente os seus terrores e as suas superstições. Personagem romântica, ela é também produto da sociedade em que se insere.

-Maria: filha de Madalena e de Manuel de Sousa Coutinho, tem um crescimento precoce, é doente, débil, delgada e tísica, culta, gosta de ler, visionaria, presente a desgraça, curiosa, nacionalista e sebastianista.

-Telmo: escudeiro, amigo e confidente, nutre por Maria uma afeição superior ao amor que tem por D. João. Personagem sebastianista, alimenta os remorsos de Madalena e as fantasias de Maria. Simboliza a presença constante do passado, no fim fica só e se, ninguém.

Manuel Coutinho: fidalgo, bom português, sofre uma evolução/transformação ao longo da peça (um percurso descendente e doloroso). Ao contrário de Madalena, Manuel é primeiro pai e só depois marido; simboliza o Portugal novo e racional.

D. João de Portugal: primeiro marido de D. Madalena a quem amava, é o "espelho de cavalaria e gentileza" e "honrado fidalgo e um valente cavaleiro". Feito cativo em Alcácer Quibir e prisioneiro, em Jerusalém, durante 20 anos, regressa na figura do Romeiro que simboliza o Portugal do passado.

Frei Jorge: (personagem secundária), irmão de Manuel Coutinho, dominicano, é a personagem que impõe uma certa racionalidade tentando manter o equilíbrio no meio da família angustiada e desfeita. 




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